O que é filosofia

(Spoiler) Fazemos filosofia quando quando nos interrogamos sobre o mundo, sobre a humanidade, sobre a felicidade, sobre a justiça, sobre a liberdade, sobre a morte, sobre Deus e sobre o conhecimento. 

Se não queremos levar a vida de um tolo devemos filosofar, isso é uma parte do que nos faz humanos.

O que é filosofia

A palavra filosofia vem do grego philosophia que quer dizer “amor à sabedoria”, philo: amor, sophia: sabedoria. Você provavelmente deve conhecer alguém chamada Sabedoria (Sophia)

Trata-se do estudo das questões fundamentais relacionadas com a natureza da existência humana, do conhecimento e da verdade; dos valores morais e estéticos; da mente; da linguagem e do universo em sua totalidade.

Mas essa é apenas uma das diversas definições.

O filósofo

É chamado de filósofo aquele que faz filosofia, quem ama a sabedoria.

Epicuro, um filósofo bem antigo, assim definiu filosofia:

A filosofia é uma atividade que, por discursos e raciocínios, nos proporciona a vida feliz. 

Entretanto é sabido que muitos dos filósofos não eram propriamente felizes mas não é por isso que deixavam de ser filósofos.

Você: um filósofo

Filosofar é pensar por conta própria.

Num certo sentido, filosofar é como cozinhar. 

Podemos tentar fazer algum prato por conta própria e correr o risco de obter algo que não agrade o paladar.

Também podemos seguir uma receita, utilizando o conhecimento de quem entende do assunto. Depois de praticar bastante com as receitas prontas podemos partir para a criação de nossa própria receita.

Com a filosofia é a mesma coisa. Primeiro estudamos o pensamento dos outros, principalmente dos grandes filósofos do passado, para depois partirmos por nossa conta.

Mas encarar os grandes partindo do zero pode ser muito difícil  e nos desanimar. Afinal, são 2.500 anos de pensamentos das melhores cabeças da humanidade. Seria como aprender a cozinhar querendo  fazer uma receita sofisticada logo de cara. Poucas chances de dar certo.

Uma ajuda nessa tarefa vai bem.

Livro “Apresentação da Filosofia" de André Comte-Sponville

Essa ajuda virá desse livro de André Comte-Sponville, escrito especialmente para adolescentes ou para quem é novato no assunto.

Este livro servirá de guia mas isso não me impede de dar os meus próprios pitacos. Convido a todos que contribuam com seus comentários.

Um grande filósofo chamado Kant dizia que não se pode aprender filosofia, só se pode aprender a filosofar.

Então, vamos nos esforçar para aprender a filosofar. Me incluo nessa!

Filosofar por conta própria é interrogar-se sobre seu próprio pensamento e o pensamento dos outros, sobre o mundo, sobre a sociedade, sobre o que a experiência ensina ou deixa de ensinar. 

Com isso vamos exercitando nosso pensamento indo cada vez mais longe, como um atleta faz em seus treinos. Esse “treino” nos fará pensar melhor, mais intensamente e mais profundamente.

Começaremos com o básico. Avançaremos desde os conceitos básico até as obras dos grandes filósofos, indo cada vez mais longe e mais rapidamente. 

Mas ninguém pode filosofar em nosso lugar, devemos lê-los e fazer um juízo sobre eles, mesmo que seja contra eles.

Podemos pensar sem filosofar ou viver sem filosofar. Mas não podemos pensar nossa vida e viver nosso pensamento sem filosofar: já que isso é a própria filosofia.

Filosofar é necessário pois devemos refletir sobre o que sabemos, sobre o que vivemos, sobre o que queremos e porque nenhum saber é suficiente para nossa compreensão do mundo que nos cerca.

Arte, Religião, Política, são muito importantes mas devem ser interrogadas. A partir do momento que as questionamos, mesmo sem duvidarmos delas, já damos um passo em direção à filosofia. A própria filosofia deve ser questionada.

Existem diversos caminhos a seguir para conhecer a  filosofia mas vamos nos ater ao caminho da filosofia ocidental, nascida com os antigos gregos que é a filosofia da sociedade que vivemos. 

Existem outras filosofias. A filosofia Oriental, por exemplo,  é muito rica e vasta mas seria muita pretensão querer conhecer tudo desde o início. Vamos deixá-la para mais adiante.

Mas já posso adiantar: descobriremos que quanto mais avançamos no saber  mais temos a aprender. Mais ou menos assim, quanto mais avançamos em direção do objetivo (o saber) mais longo parece o caminho (a filosofia).

Os objetivos da filosofia

Os objetivos da filosofia são incontáveis, inclui tudo que é humano e verdadeiro.

Kant resumiu o domínio da filosofia em quatro questões:

O que posso saber? 
O que devo fazer?
O que me é permitido esperar? 
O que é o homem?

Essas quatro questões remetem a uma quinta questão que é sem dúvida a principal questão filosófica: 

Como viver?

A partir do momento que tentamos responder essas questões de maneira inteligente, estamos fazendo filosofia.

Também fazemos filosofia quando quando nos interrogamos sobre o mundo, sobre a humanidade, sobre a felicidade, sobre a justiça, sobre a liberdade, sobre a morte, sobre Deus e sobre o conhecimento. Se não queremos levar a vida de um tolo devemos filosofar, isso é uma parte do que nos faz humano.

A finalidade: sabedoria

É preciso filosofar, ampliar nosso conhecimento sobre o mundo em que vivemos. Com isso teremos uma vida mais lúcida, mais serena, mais razoável mais feliz e mais livre! Ter o que se chama de sabedoria, que seria uma felicidade sem ilusões nem mentiras.

Podemos alcançar a sabedoria. Sinto muito dizer mas nunca totalmente mas isso não deve nos impedir de nos aproximarmos dela. Citando novamente Kant “a filosofia é para o homem um esforço em direção à sabedoria, esforço sempre não consumado”.

Essa frase de Kant nos dá mais uma razão para iniciarmos essa jornada imediatamente. Vamos ao trabalho, não percamos tempo!

O que é filosofia

André Comte-Sponville (Paris, 12 de março de 1952) é um filósofo materialista francês. 

Biografia

Foi aluno da École normale supérieure, tornou-se doutor pela Universidade de Paris I: Panthéon-Sorbonne em 1983, com a tese Éléments pour une sagesse matérialiste (Elementos para a sabedoria materialista), orientado por Marcel Conche. Foi amigo de Louis Althusser.

Por muito tempo foi um professor (maître de conférences) da Panthéon-Sorbonne, da qual se demitiu em 1998 para dedicar-se completamente a escrever e proferir palestras fora do circuito universitário.

Foi membro do Comité consultatif national d'éthique (Comitê Consultivo Nacional de Ética) do seu país de 2008 até 2016.

Filosofia

Comte-Sponville utiliza o referencial de Jean Paul Sartre, que já havia dito que "todos somos responsáveis em alguns" e de Dostoiévski, "somos todos responsáveis por todos, diante do tudo". 

Em sua obra O capitalismo é imoral?, que é a transcrição de uma conferência, tenta demonstrar a amoralidade do capitalismo, já que enquanto técnica: "a economia é exterior a toda preocupação moral". Sponville define então ordens, no sentido pascaliano do termo:

1 - ordem econômico-tecno-científica
2 - ordem político-jurídica
3 - ordem da moral
4 - ordem da ética
5 - ordem do amor

Considera a possibilidade de existência de uma outra ordem, a do divino, mas, sendo ateu, pensa que seja dispensável. Mas ele acredita na possibilidade e na necessidade de uma espiritualidade ainda no ateismo. De fato, Comte-Sponville encontra no ateísmo uma fonte mais legítima da Ética, da adoção de valores humanos já não apesar de não acreditar na existência do divino, senão justamente por ser o humano possuidor de consciência e de valores que nao dependem da fé em divindade nenhuma.

Politicamente social-democrata, ao comentar a crise econômica mundial de 2008, declarou:  

A esquerda já renunciou à nacionalização. Entendeu que o Estado não é bom para gerar riqueza. Agora, a direita precisa entender que o mercado não serve para criar justiça. Precisamos do mercado para o que está à venda, e do Estado para o que não está.[1]


A respeito da bioética, diz que "não é uma parte da Biologia; é uma parte da Ética, uma parte de nossa resposnabilidade simplesmente humana; deveres do homem para com outro homem, e de todos para com a humanidade." [2] 

Bibliografia

  • Tratado do Desespero e da Beatitude (Traité du désespoir et de la béatitude Tomo 1:Le mythe d’Icare) (1984)
  • Viver (Traité du désespoir et de la béatitude Tomo 2:Vivre) (1988)
  • Uma Educação Filosófica (Une éducation philosophique) (1989)
  • Pourquoi nous ne sommes pas nietzschéens (em colaboração) (1991)
  • O Amor A Solidão (L'amour la solitude) (1992)
  • "Je ne suis pas philosophe": Montaigne et la philosophie (1993)
  • Valor e verdade: estudos cínicos (Valeur et vérité. Études cyniques) (1994)
  • Camus, de l’absurde à l’amour (em colaboração) (1995)
  • Pequeno tratado das grandes virtudes (Petit Traité des Grandes Vertus) (1995)
  • Arsène Lupin, gentilhomme philosopheur (com François George) (1995)
  • Bom Dia, Angustia (Impromptus) (1996)
  • De l’autre côté du désespoir. Introduction à la pensée de Svâmi Prajnânpad (1997)
  • A sabedoria dos modernos (La sagesse des Modernes) (1998)
  • O ser-tempo: algumas reflexões sobre o tempo da consciência (L'être temps) (1999)
  • O Alegre Desespero (Le Gai désespoir) (1999)
  • Chardin ou La matière heureuse (1999)
  • Apresentação da Filosofia (Présentation de la philosophie) (2000)
  • A Felicidade, Desesperadamente (Le Bonheur, désespérément) (2000)
  • Lucrèce, poète et philosophe (2001)
  • Dicionário Filosófico (Dictionnaire philosophique) (2001)
  • O Capitalismo é moral? (Le capitalisme est-il moral?) (2004)
  • La plus belle histoire du bonheur (em colaboração) (2004)
  • A Filosofia (La Philosophie) (2005)
  • Dieu existe-t-il encore? (com Philippe Capelle) (2005)
  • A Vida Humana (La Vie humaine) (2005)
  • O Espírito do Ateísmo (L'Esprit de l'athéisme. Introduction à une spiritualité sans Dieu) (2006)
  • Le miel et l'absinthe : Poésie et philosophie chez Lucrèce (2008)
  • Do Corpo (Du corps) (2009)
  • Le Goût de vivre et cent autres propos (2010)
  • Le Sexe ni la Mort. Trois essais sur l’amour et la sexualité (2012)
  • Du tragique au matérialisme (et retour) (2015)
  • C'est chose tendre que la vie, entretiens avec François L'Yvonnet (2015)
  • Sous le signe de la philosophie, entretien écrit et vidéo interprété en LSF avec Frédéric Amauger (2018)
  • L’inconsolable et autres impromptus (2018)


lm
LEIA MARTINS TONSO
31/10/2020 11:46
Que honra sermos contemporâneos de um filósofo tão dedicado ao ofício.

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